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Atenção: As Capitanias (CP), suas Delegacias (DL) e Agências (AG), podem, em função das características da área sob sua jurisdição, estabelecer Normas e Procedimentos. No nosso caso são Normas e Procedimentos da Capitania Fluvial do Pantanal. consulte no site: www.cfpn.mar.mil.br



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CARTILHA DO PESCADOR

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TRADIÇÕES DO MAR - Uso, Linguagem e Costumes
TRADIÇÕES DO MAR - Uso, Linguagem e Costumes


          Aos brasileiros, particularmente àqueles que se dedicam ao mar, mas não somente a eles, é conveniente possuir um conhecimento dos usos e costumes da gente do mar. Na Marinha do Brasil, eles são observados e chegam, às vezes, a figurar em regulamentos e documentos que os tornam obrigatórios. O Cerimonial da Marinha do Brasil ‘e uma publicação à parte, própria, que regulamenta e consagra os tradicionais usos navais, cujo conhecimento é conveniente aos que têm vinculação com o mar.
          Assim, a presente publicação se destina aos que servem à Marinha do Brasil, à Marinha Mercante e aos brasileiros vinculados a atividades marítimas. Trata, principalmente, dos usos e conhecimentos consagrados pelo tempo. Quando o jovem começa a carreira do mar vai aprendendo suas particularidades gradualmente, no dia-a-dia de suas atividades.
          A linguagem própria é um poderoso instrumento de aglutinação. Quando se serve a bordo, em navio de guerra ou mercante, deve-se procurar segui-la. Com respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do que fazem, os homens do mar provocam a integração da comunidade naval e marítima, favorecendo a conquista de eficiência máxima, tão necessária a seus propósitos e aspirações.
Assim, as tradições, as cerimônias e os usos marinheiros, juntamente com os costumes, tem extraordinário poder de amalgamar e incentivar os que vivem do mar. Tendem, entretanto, a se tornar atos despidos de significado, quando sua explicação é perdida no tempo.
         A lembrança constante das razões dos atos e a sua explicação ou, quando for o caso, das versões de sua origem, promovem a compreensão, o incentivo e a incorporação da prática marinheira.

        Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar, ou seja, a palavra vem do latim "navigare", "navis" (nave) + "agere" (dirigir ou conduzir).

        Estar a bordo é estar por dentro da borda de um navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força: abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a bordo de um navio, para nele entrar. Pela borda tem significado oposto. Jogar, lançar pela borda.

           Significado natural de barco é o de um navio pequeno (ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão poética de um barco tem maior grandeza: "o Comandante e seu velho barco" ou "nosso barco, nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a bordo, está dentro de um barco ou navio. Está embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar. E dele sair é desembarcar. Uma construção que permita o embarque de pessoas ou cargas para transporte por mar, é uma embarcação.

           Um navio de guerra é uma belonave. Vem, a palavra, do latim "navis" (nave, navio) e "belium" (guerra).

          Um navio de comércio é um navio mercante. A palavra é derivada do latim "mercans" (comerciante), do verbo "mercari" (comerciar).

         Aportar é chegar a um porto. Aterrar é aproximar-se de terra. Amarar é afastar-se de terra para o mar . Fazer-se ao mar é seguir para o mar, em viagem. Importar é fazer entrar pelo porto; exportar é fazer sair pelo porto. Aplica-se geralmente à mercadoria.

           Encostar um navio a um cais é atracar; tê-lo seguro a uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao fundo é fundear; e fazê-lo com uma âncora é ancorar (embora este não seja um termo de uso comum na Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a âncora de ferro - o navio fundeia com o ferro!). Recolher o peso ou a amarra do fundo é suspender; desencostar do cais onde esteve atracado é desatracar; e largar a bóia onde esteve é desamarrar ou largar.

            Arribar é entrar em um porto que não seja de escala, ou voltar ao ponto de partida; é , também, desviar o rumo na direção para onde sopra o vento. A palavra vem do latim "ad" (para) e "ripa" (margem, costa).

 POSIÇÕES RELATIVAS A BORDO

           As posições relativas ao navio, entende-se da seguinte maneira: se estiver na parte de trás, estará a  ré e se estiver na parte da frente do navio, estará a vante; se estiver voltado para a parte da frente - parte de vante - O lado que fica à direita é chamado boreste e o lado que fica à esquerda é chamado bombordo. A parte da frente do navio é a proa; a parte de trás, popa.

          A popa é uma parte do navio mais respeitada que as demais. Nos navios de guerra, todos que entram a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de bordo, cumprimentam a bandeira nacional na popa, com o navio no porto. Ela está lá por ser a popa o lugar de honra do navio, onde, já nos tempos dos gregos e romanos, era colocado o santuário do navio, com uma imagem ou "Puppis", de uma divindade. O termo popa é derivado de "PUPPIS".

          Os lados do navio são os bordos e o de boreste é mais importante que o de bombordo. Nele, desde tempos imemoriais, era feito o governo do navio por uma estacade madeira em forma de remo, chamada pêlos navegantes gregos de "Staurus".

          Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça de "staurr" que os ingleses herdaram como "steor", denominação dada ao remo que servia de leme, e "STEORBORD" ao bordo onde era montado, hoje "starboard". Ao português, chegou como estibordo. Os brasileiros inverteram a palavra para boreste (Aviso do Almirante Alexandrino, Ministro da Marinha) a fim de evitar confusões com o bordo oposto: bombordo.

         A palavra bombordo tem vínculo com o termo da língua espanhola "babor" que, por sua vez, parece ter origem ou estar relacionada à palavra francesa "bâbord". Na Marinha francesa os marinheiros que tinham alojamento a bombordo, eram chamados de "babordais" e tinham os seus números internos de bordo pares. Ainda hoje, nanumeração de compartimentos, quando o último algarismo é par, refere-se a um espaço a bombordo, quando é impar, refere-se a boreste.

     As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas, não utilizam expressões próximas de "bâbord". Balizam o bordo oposto ao do governo de "port", ou seja, o bordo onde não estava o leme e que, por esta razão, ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão "port", bordo do porto.

     O navio é dividido em seções horizontais chamadas conveses. São os pavimentos. Um deles serve de referência para contagem e é chamado convés principal. Os demais são balizados em relação ao principal, para cima, como os conveses da superestrutura; e para baixo, até o porão. Quem neles estiver, nos conveses abertos é considerado como estando no convés ou em uma plataforma.

       Os conveses cobertos, do convés principal para baixo, até o porão, são chamados de cobertas. É dito que quem neles se encontra está cobertas abaixo.

  AGULHA E BÚSSOLA

          O navio tem agulha, não bússola. A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para governo do navio, eram, na realidade, agulhas de ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas em tubos, com uma secção de bambu. Chamavam-se calamitas. Como eram basicamente agulhas, os navegantes espanhóis consideravam linguagem marinheira, a denominação de agulhas, diferentemente de bússolas, palavra de origem italiana que se referia à caixa - "bosso" - que continha as peças orientadas.

CABO E CORDA

            Diz-se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo. Cabos grossos e cabos finos, cabos fixos e cabos de laborar..., mas tudo é cabo.

  EXPRESSÕES CORRIQUEIRAS

          Na gíria maruja, muitas expressões externam o universal bom humor ou espirituosidade que caracterizam os homens do mar. As expressões "rosca fina", "voga picada" e "voga larga" são alguns exemplos:

      "Rosca fina" (ou ainda "voga picada") denomina o superior. Oficial ou Praça, que é exigente na observância das normas e regulamentos, bem como, na execução das fainas e tarefas, por si e pelos subordinados. O antônimo é o "voga larga ".

           A origem do primeiro está no "aperto", na "pressão" impressa pelo chefe, comparada pelo marinheiro à do parafuso com rosca fina - que "aperta mais". A segunda vem de "voga", que é a velocidade da remada ditada pelo patrão aos remadores em uma embarcação a remos. Pode ser uma "voga picada" (regime de velocidade maior, portanto mais exaustivo para os remadores) ou "voga larga" (velocidade amena, mais calma, mais tranqüila).

        Safo é talvez a palavra mais usual na Marinha. Serve para tudo que está correndo bem, ou para tudo que faz as coisas correrem bem: "oficial safo, marinheiro safo. A faina está safa. A entrada é safa, pode demandar: não há bancos".

        Onça é também uma expressão de grande uso. Significa dificuldade: "onça de dinheiro, onça de sobressalentes". Estar na onça é estar em apuros. "A onça está solta", quer dizer que tudo vai mal.

            Essa expressão vem de uma velha história de uma onça de circo, que era transportada a bordo de um navio mercante e se soltou da jaula, durante um temporal.

             Pegar é o contrário de estar safo. Estar pegando significa que não está dando certo: "Tenente, o rancho está pegando! Não chegou a carne! Este marinheiro ainda está muito inexperiente: com ele tudo pega...Comandante, não pude chegar a tempo, a lancha pegou bem no meio da baía!"

                Parece que a expressão vem de "pegar tempo", ou seja, pegar mau tempo. Fulano está pegando tempo, para resolver a primeira questão de sua prova...Aquele marujo não conseguiu safar-se para a parada: pegou tempo, para arranjar um boné novo".